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segunda-feira, 5 de julho de 2010

Estou cansado, mas continuarei a lutar!

Há muito que tenho me sentido profundamente decepcionado com o caos doutrinário e, consequentemente, pragmático em que se encontra mergulhada a igreja evangélica brasileira. Nada mais do que o reflexo da crise responsável pelo estado lastimável em que se encontra o evangelicalismo norte-americano, uma vez que muitas das distorções doutrinárias e das inumeráveis práticas heterodoxas [para não dizer “antibíblicas”] hoje presentes e amplamente aceitas em muitas de nossas igrejas têm sido incontestavelmente importadas de países como Estados Unidos, Canadá e, mormente de diversos outros “centros de referência evangélicos” [em matéria de SANDICES, é claro!] espalhados pelo mundo. Lamentavelmente, o que já era ruim parece que a cada dia fica pior por aqui, pois o Brasil, sendo um país culturalmente místico e dado às práticas supersticiosas “afro-católicas”, das quais – ao que parece – muitos evangélicos brasileiros não conseguiram se libertar, tem se encarregado de produzir suas próprias versões, em estilo “tupiniquim”, das várias aberrações importadas, sobretudo dos “States”.

O fato incontestável para muitos que tem acompanhado com profunda tristeza o avanço de toda esta balburdia “gospel” – termo de origem inglesa recém-incorporado ao atual vocabulário evangélico brasileiro, para em seguida ser “massificado” por verdadeiros mercenários do evangelho – é que, uma vez renegada às bases doutrinárias fundamentais do cristianismo, não se poderia esperar outra coisa além de uma pragmática superficial, deficiente e – marcadamente entre nós brasileiros – miscigenada às fábulas e crendices populares, fruto do sincretismo religioso há muito arraigado na cultura e no subconsciente de nosso povo.

Certamente, não poderá jamais haver prática segura e consistente com a vontade de Deus para o seu povo [e para o mundo] se nossas ações não forem legitimadas pela Palavra de Deus. Seja na adoração, na exposição e no ensino da própria Palavra, nas ações evangelísticas e missionárias, ou em qualquer outra área de atuação da igreja frente à obra que lhe foi incumbida pelo Senhor Jesus Cristo, a Palavra deverá ocupar o seu devido lugar de direito como regra áurea de conduta dos santos por meio da qual tudo o que não estiver de acordo com os padrões por ela estabelecidos deverá ser sumariamente rejeitado.

Lamentavelmente, muitos de nossos pretensos líderes evangélicos hoje tem perdido esta visão e assumido uma posição relativista quanto à suficiência e exclusividade das Sagradas Escrituras para gerir as ações da igreja ante - segundo eles - as exigências de uma sociedade cada vez mais dinâmica e necessitada de informações mais objetivas e de fácil assimilação. Por isso, para estes verdadeiros “homens de negócio” que têm adentrado em nosso meio trajando um manto de líder espiritual e exalando uma pseudo-santidade, a igreja deverá se enquadrar aos padrões vigentes, ou “perderemos terreno”. No entanto, esta visão distorcida do real papel da igreja estabelecida por Cristo, tem levado muitos a um estado de completa inanição espiritual, pois passam a “viver” de métodos e processos pré-fabricados – em geral pela psicologia moderna, estritamente humanista e secular – criados com o único propósito de levar o homem a explorar todo o seu suposto potencial realizador [sem depender de Deus, é claro!], e que têm sido de forma irresponsável, transportados para dentro dos assim chamados livros de “autoajuda” evangélicos, publicados com a proposta de ensinar “n-passos” para isto ou para aquilo. Enquanto isso, o “leite racional, não falsificado”, que é a Palavra de Deus, tem sido cada vez mais rejeitado por aqueles que se acham maduros demais para dele se alimentarem.

É notável em nossos dias o preciso cumprimento de passagens como 1 Tm 4.1,2; 2 Tm 4.3-4; 2 Pedro 2:3, dentre outras. Diante de nossos olhos [dos que os tem mantido abertos, é claro!] vemos o grande “povão” evangélico brasileiro ser arrastado como massa de manobra por líderes inescrupulosos, homens sem caráter, verdadeiros “espíritos enganadores”, que “por avareza” e cobiça tem feito dos incautos “negócio com palavras fingidas”, homens que “falam mentiras” e que, por meio de sinais “prodigiosos”, têm levado o povo à idolatria do dinheiro, do bem-estar e da saúde perfeita. Dentre as razões pelas quais esses lobos devoradores vestidos em pele de ovelha têm logrado êxito em suas investidas contra o povo de Deus, a crescente e maciça rejeição dos fundamentos vitais do evangelho, isto é, da sã doutrina ocupa lugar considerável e preocupante (2 Tm 4.3-4). Pondo à parte os que por falta de sobriedade e discernimento espiritual têm sido levados neste bojo, muitos são os que, movidos por interesse, têm preferido ouvir os contos da carochinha, “as fábulas de velhas” (1 Tm 4.7) proferidas pelos autointitulados “apóstolos” da prosperidade, da confissão Positiva e da Palavra da Fé, do que receber a pura e sã doutrina cuja única fonte se encontra na Palavra de Deus: a Bíblia.

Minha angústia e decepção diante deste quadro que se tem instalado em nossa igreja evangélica brasileira são bastante justificáveis e sei que não sou o único a nutrir este sentimento. São justificáveis, primeiramente, por que não são direcionadas a Deus, uma vez que Sua Palavra há muito prediz que nos últimos dias assim seria [E isto muito me alegra, pois tenho Sua Santa Palavra por firme fundamento em minha vida]. Ademais, meu lamento está embasado na própria Palavra de Deus, uma vez que suas páginas registram a história de inúmeros servos do Senhor que passaram por períodos de profunda tristeza ao presenciarem o distanciamento do povo de Deus de Seus retos caminhos. Moisés, Davi, Isaías, Jeremias, Paulo são apenas alguns dos que muito sofreram angustiados e perplexos por verem seu próprio povo em situação deplorável e em posição de total rebeldia para com Deus. A segundo razão pela qual são justificáveis as minhas queixas é a sinceridade que há em meu coração por batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos e é este sentimento de insatisfação ante o que se vê a ocorrer em nosso meio que tem me impulsionado à luta, mesmo sendo poucas as minhas forças. Jamais poderemos mudar aquilo que o Senhor já havia prescrito deste os tempos antigos, mas isso não nos isenta da responsabilidade de alertar aos que dormem o sono da indolência para que despertem e encham suas lamparinas de azeite antes que o noivo venha.

Estou cansado, mas continuarei a lutar!

Em Cristo,

D. S. Castro.

Um comentário:

  1. Reflexão - Oséias 4:6 (Nós somos destruídos por não lermos a bíblia!)

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