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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Se você se cala, você é cúmplice!

 
Em alguns círculos evangélicos, a subordinação quase cega ao “clero” estabelecido é algumas vezes temperada com as bajulações interesseiras daqueles que querem galgar mais alguns degraus da hierarquia, alimentando assim o corrupto “organismo” criado para manter os autoproclamados “iluminados de Deus” em posição de suprema autoridade sobre os “leigos”, que devem, por sua vez, render honras e louvor àqueles que “zelam” por eles, dizem. O mais lamentável é que tudo isso é dito ter a “aprovação de Deus” e aqueles que não se submetem são frequentemente acusados de insubordinação, rebeldia, chegando até mesmo às vias da “excomunhão” dos que contradizem as determinações quase divinas do dito “clero”. Qual o fundamento bíblico para um sistema tão infame e deplorável que apenas tem trazido vergonha e escândalo para o evangelho promovendo toda sorte de pecado, desde a cobiça e a sede pelo poder, às intrigas e “picuinhas” para as quais muitos fecham os olhos por conveniência e ainda vêm com desculpas do tipo: “Isso acontece em todo lugar!”, “Deus lidará com os que procedem assim!”, “Só podemos orar e entregar nas mãos de Deus!”, etc., ao passo que não movem “uma palha” no sentido de exortar, repreender e confrontar “os que assim procedem” com as suas próprias faltas, e isso à luz da Palavra de Deus! E quando se trata de exortar, repreender e confrontar as ditas “autoridades eclesiásticas”, “Nem pensar”, dizem, “Quem sou eu para me levantar contra o ‘ungido de Deus!’”. Mas, pergunto: Não é isso que deveríamos fazer? A Bíblia claramente diz que sim, e em Paulo, temos um claro exemplo disso. Não foi o que ele fez a Pedro, o apóstolo? (Gálatas 2:11) Será que o apostolado de Pedro inibiu Paulo de repreendê-lo vigorosamente? E você, até quando engolirá calado tanta mentira, engano, falcatrua, corrupção e toda espécie de pecado de seus “líderes”? Podemos até confrontar os outros com desculpas “furadas” para justificar nosso posicionamento quanto a isso, mas não podemos calar a voz do Espírito Santo que fala à nossa própria consciência e muito menos poderemos nos justificar perante Deus alegando que não podíamos fazer nada e que só “podíamos orar”! Você teria a petulância de se justificar desse modo diante de Deus?! Os profetas no Antigo Testamento confrontaram até reis, e você, porque não consegue confrontar seus “líderes”? Há meios de fazer isso, sem ser grosseiro ou arrogante, mas não venha com a desculpa de que não pode! A quem é dirigida a recomendação: “[não] participes dos pecados alheios; conserva-te a ti mesmo puro” (1 Timóteo 5:22)? Se você se cala, você é cúmplice! Pense nisso!
 
D. S. Castro.

sábado, 5 de outubro de 2013

A Presunção da Salvação pelas Obras

Por D. S. Castro.


Não há maior presunção do que achar que nossas obras de justiça nos garantem o direito à salvação. Nosso bom senso nos diz que nenhum pai estaria agindo corretamente ao prometer ao seu filho, como presente de natal, uma bicicleta, por exemplo, caso a criança passe de ano com uma boa média escolar ou se comporte de acordo com suas expectativas [com as expectativas do pai]. Contudo, alguns creem que Deus nos recompensará com um “lugarzinho” no paraíso caso sejamos “bonzinhos” neste mundo. Em outras palavras, se “nos comportarmos bem”, o que significa respeitar nossos semelhantes, sermos honestos, piedosos, caridosos, bem intencionados em nossas relações interpessoais, em suma, se fizermos tudo o que um “bom religioso” faz, teremos o direito, ainda que em parte, a um “merecido” prêmio do “papai do céu”, que muito se alegrará em nos recompensar por termos sido “bons meninos”.
 
Continuando com nossa analogia, imagine que o filho ao qual foi prometido pelo pai o presente mencionado – mesmo sabendo ele [o pai] que sua atitude é prejudicial à formação moral da criança – cumpra com o que o tal exigira dele. Certamente, ninguém poderá contestar que o filho pôs seu pai em obrigação para com ele, isto é, o pai passou a estar em débito para com seu filho e deverá cumprir sua obrigação.
 
Agora pergunto: Será que podemos pôr a Deus em obrigação para conosco? Seria possível ao homem fazer de Deus seu devedor?
 
Primeiramente, devemos atentar para o fato de que assim como o pai, moral e eticamente falando, nada estaria ensinando de bom a seu filho ao recompensá-lo por cumprir as exigências estabelecidas por ele [pelo pai], não podemos concluir que Deus esteja querendo nos fazer pessoas melhores prometendo-nos o céu, caso nos comportemos nesta terra segundo os seus padrões. De fato, Deus não faz isso. Além disso, uma salvação como recompensa pelo bom proceder somente produziria interesse e arrogância por parte dos homens, que inevitavelmente seriam movidos a viver segundo o que Deus exige por pura conveniência.
 
Em segundo lugar, Deus já havia tratado desse modo com o homem nos tempos da Lei, mas não para lhe garantir salvação, e sim para mostrar-lhe a impossibilidade do homem em, de fato, cumprir os padrões que Ele exige.  Ninguém poderia ser justificado pela Lei, e Deus precisava mostrar-nos isto. Nossas obras de justiça são trapos de imundície (Isaías 64:6) e não nos poderão salvar. Nossa única chance é atentarmos para Cristo e para sua promessa de que todo aquele que Nele crê será salvo.
 
Portanto, em contraste com a salvação pelas obras, não há qualquer presunção em nos declararmos salvos, se realmente cremos em Cristo e em sua promessa de salvação eterna. A salvação é, portanto, um presente da graça de Deus a todo aquele que crê em Cristo. E como lemos em Efésios 2:8-10: “se é pela fé, já não é por obras”.
 
Finalmente, todos nós sambemos quem disse estas palavras: “Aquele que crê em mim, tem a vida eterna”. E esta verdade se cumpriu até mesmo na vida do ladrão à esquerda de Cristo na cruz quando, em resposta a seu apelo Ele disse: “hoje estarás comigo no Paraíso”. Teria ele tido tempo e ocasião de mostrar suas obras de justiça, as quais – segundo os que defendem a salvação pelas obras – deveriam supostamente garantir-lhe o direito à salvação? Paulo também estabelece um claro contraste entre a graça e as obras ao afirmar: “Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído” (Gálatas 5:4). Portanto, nada do que fazemos ou deixamos de fazer nos dará qualquer garantia de salvação, mas somente a genuína fé em Cristo nos pode salvar. As obras são os frutos dessa fé salvífica, para que testemunhemos ao mundo que somos, de fato, novas criaturas em Cristo. “Não devemos colocar a carroça na frente dos bois”. Pense nisso!